sexta-feira, 4 de abril de 2014
Dez motivos para os homens amarem o feminismo...
Clique aqui!
"Preciso do feminismo porque conheço a interseccionalidade da opressão"
Esses dias me deparei com um artigo interessante de Liz Hall Magill, autora do Yo Mama, e pedi pra minha querida leitora Elis Portela traduzi-lo. Muitíssimo obrigada, Elis!
Eu acho que homens precisam do feminismo, e que o feminismo precisa (também) dos homens. Não somos espécies diferentes, nem se muda o mundo sozinhx.
Após uma palestra
que eu dei recentemente na Universidade Longwood, uma aluna me perguntou
como podemos aumentar o envolvimento masculino no feminismo. Muitas
pessoas estão pensando nisso, incluindo Jackson Katz (cuja palestra TED Talk sobre violência de gênero se tornou viral) e Lauren Rankin, do PolicyMic, que discutiu o papel dos homens aliados ao feminismo em seu artigo "Feminism Needs Men, Too" (“O Feminismo Precisa dos Homens Também").
Minha resposta à
aluna foi que ela deveria conversar sobre o feminismo com os homens que
fazem parte de sua vida e compartilhar com eles recursos como o Good Men Project (Projeto Homens Bons). [No Brasil, o Instituto Papai realiza um trabalho parecido.]
Muitos temas feministas, desde o pagamento igualitário no local de
trabalho à maneira como construímos normas de gênero, afetam os homens. O
pessoal é político para os homens tanto quanto para as mulheres, e eles
precisam lidar com muitos dos mesmos problemas da sociedade que as
mulheres (como a imagem corporal e as relações sexuais, por exemplo), além de muitos temas que são específicos da experiência masculina.
Enquanto ponderava
sobre o tema e pensava no que direi ao meu filho sobre feminismo quando
ele crescer (atualmente, ele tem sete anos), eu cheguei à lista abaixo.
Embora, claro, eu queira que meu filho seja feminista para fazer do
mundo um lugar melhor para as mulheres, eu também acredito que o
feminismo tornará a vida dele mais feliz, mais rica e mais completa. Ou
seja, eu quero que ele seja feminista para si mesmo, tanto quanto para outras pessoas.
Abaixo, o que você deve amar sobre o feminismo se você for homem:
1. Alívio da pressão de ser o arrimo de família
Siga discussões
sobre quaisquer temas relacionados a homens e objetificação, ou homens e
dinheiro, e você verá homens falando sobre a pressão que sentem para
que sejam provedores financeiros. A questão é, claramente, um dos
aspectos mais difíceis de ser homem em nossa cultura. Ao questionar as
normas de gênero e trabalhar para que os locais de trabalho e os lares
sejam mais igualitários, as feministas e seus aliados estão moldando um
mundo no qual homens são muito mais do que a soma de seu salário.
2. Uma boa vida sexual
Um estudo recente
(embora as entrevistas sejam dos anos 1990) alegou que homens que
realizam tarefas mais tradicionais em casa — coisas "de macho", como
cortar a grama e consertar carros — fazem mais sexo do que homens que
lavam a louça ou passam o aspirador. Estudos anteriores
já apoiaram a ideia de que homens que realizam tarefas domésticas
tradicionalmente femininas fazem mais sexo. E então? Como a vida sexual
das pessoas casadas é afetada quando os papéis são trocados em casa? De
acordo com a especialista em casamentos Stephanie Coontz, a parceria é
a questão fundamental: se estiver em sincronia e feliz com a
distribuição das tarefas, um casal tende a ser mais feliz na cama. E o
feminismo é totalmente a favor da parceria.
3. Vida emocional mais rica
Caso seja homem,
você não pode chorar. "Virar homem" significa ignorar seus sentimentos.
Embora às vezes as emoções possam ser uma distração, reprimi-las o tempo
todo é limitador e nada saudável. Feministas e seus aliados defendem
uma versão mais completa da masculinidade, na qual não é vergonhoso os homens expressarem tristeza ou medo — é simplesmente humano.
4. Relacionamentos significativos
De amizades relaxadas e emocionalmente comprometidas com outros homens — sem a necessidade do rótulo de "bromance"
— a comunicações mais abertas sobre desejos e necessidades dentro de
parcerias românticas, o feminismo abre as possibilidades para os
relacionamentos. E quando os dois parceiros podem expressar seus desejos
e necessidades, chega-se à conectividade: uma necessidade humana que a
masculinidade tradicional nega aos homens.
5. Autoaceitação (sem a necessidade de músculos definidos ou barriga tanquinho)
5. Autoaceitação (sem a necessidade de músculos definidos ou barriga tanquinho)
Cada vez mais, a
mídia está exibindo o corpo masculino como um objeto sexual, o que já
acontece com o corpo feminino há muito tempo. (É só perguntar a Jon Hamm).
Todos os papos feministas sobre as dolorosas consequências da
objetificação feminina se aplicam também à objetificação do corpo
masculino. As feministas e seus aliados discutem as complexidades do
empoderamento sexual e da objetificação sexual e, para resolver os
problemas de imagem corporal da nossa cultura, todos precisamos estar
atentos a essas discussões.
6. Conversa franca
Se Cinderela engoliu
minha filha, o Homem de Ferro engoliu meu filho — e as consequências de
convencer os meninos de que ter uma força inatingível e intocável
define o que é ser homem são tão danosas quanto a cultura da princesa o é para as meninas. Em seu livro Macho Paradox,
Jackson Katz discute a necessidade que temos de redefinir a
masculinidade de forma que a violência não seja seu componente nuclear.
Esses homens que estão oferecendo soluções para o problema da
masculinidade e da violência — incluindo Katz e Michael Kimmel — são aliados das feministas.
7. Um lugar onde é possível ouvir e ser ouvido
No movimento rumo à
igualdade, as mulheres são empoderadas não para usar seu poder sobre os
homens, mas para sua autorrealização. Os homens precisam apoiar este
esforço, e precisam ouvir. No entanto, isto não significa que os homens
nunca devem ter a chance de falar e de ser ouvidos. Há aspectos do
patriarcado sobre os quais os homens precisam conversar, entre si e com
as mulheres; aspectos da masculinidade que precisam contar com
perspectivas, força e vulnerabilidade masculinas se quisermos mudá-los.
Conversas feministas — especialmente aquelas entre homens aliados
ao feminismo — criam um lugar no qual os homens podem falar sobre seus
temas e suas experiências, e suas vozes podem ajudar a definir a
igualdade.
8. Mudança de jogo
Norah Vincent |
9. Aumento da renda familiar
Caso você seja um
homem e se case com uma mulher, sua renda familiar será mais baixa do
que deveria. Não porque você não ganha o suficiente, mas porque o poder
da sua esposa de gerar receita é menor do que deveria ser: atualmente,
nos EUA, as mulheres ganham 77 centavos para cada dólar que os homens ganham. A Paycheck Fairness Act (Lei
do Pagamento Justo), que é apoiada pelas feministas, exigiria
pagamentos iguais para trabalhos iguais, o que beneficiaria a todos
economicamente.
10. Aumento do tempo com a família
A CEO da Yahoo,
Marissa Mayer, chegou às manchetes após instituir a licença paternidade
na empresa. O contribuidor do Good Men Project Scott Behson elogiou a decisão tanto
do ponto de vista dos negócios quanto do ponto de vista cultural.
Behson escreve sobre o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal no blog Fathers, Work, and Family (Pais, Trabalho e Família). Pais que trabalham estão sentindo a pressão do trabalho sobre a vida familiar tanto quanto as mães que trabalham, e a possibilidade de mudança está no feminismo e seus aliados.
Comentários
Postar um comentário